EXERCÍCIOS DO TEXTO. aula em 23/02/2010

1 - Além da linguagem verbal, que outros meios o ser humano pode utilizar para comunicar suas idéias e sentimentos?

 

2 - Qual a diferença entre alíngua e fala?

 

COMPARANDO OS TEXTOS:

1 - Qual é o tema principal dos três textos?

 

2 - Cada texto apresenta um estilo próprio. Qual deles lhe agradou mais?

 

3 - Qual dos textos lhe deixou maior impressão sobre a seca?

 

4 - Em que tempo verbal está escrito o primeiro texto? justifique.

 

5 - Em que tempo está o verbo tornara que aparece no texto 3?

 

6 - Retire da 1ª estrofe do texto 2:

a) Um verbo no pretérito perfeito..........

b) Um verbo no presente...........

c) Um adjetivo e o substantivo que ele acompanha..................

Denotação e Conotação

Nos textos literários nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Empregadas em alguns contextos, elas ganham novos sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.

Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente. 

Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente, este recurso é muito explorado na Literatura.

A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc.

Observe um trecho da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis, note a caracterização do sol, ele foi empregado conotativamente:

CONOTAÇÃO: Imaginário, carregado de figuras de linguagem, subjetivo ( literário )

DENOTAÇÃO: Real é objetivo ( Não literário )

 

Hipérbole


Leia a seguinte frase:

“Está muito calor. Os jogadores estão morrendo de sede no campo”.

Quando lemos essa afirmação, nunca imaginamos jogadores agonizando de sede num campo de futebol, pois compreendemos que o autor da frase fez uso do exagero para impressionar o interlocutor. Quando engrandecemos ou diminuímos exageradamente a verdade das coisas, estamos utilizando a hipérbole.

A hipérbole é exatamente oposta ao eufemismo. Enquanto no eufemismo suavizamos uma expressão chocante, na hipérbole expressamos exageradamente uma idéia, a fim de enfatizar essa informação. Essa figura de linguagem é bastante comum não só nos textos escritos, como na comunicação oral.

Veja os exemplos em textos escritos:

Rios te correrão dos olhos, se chorares (…)” (Olavo Bilac)

“Brota esta lágrima e cai (…)
Mas é rio mais profundo
Sem começo e nem fim
Que atravessando por este mundo
Passa por dentro de mim”. (Cecília Meireles)

“Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses” (Caetano Veloso)

“Pela lente do amor
Vejo tudo crescer
Vejo a vida mil vezes melhor”. (Gilberto Gil)

Exemplo em textos falados:

“Já falei mil vezes com esse menino e ele não me obedece”.

“Vai passar um ônibus pro Inferno, mas não passa o do Novo Juazeiro”.

“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse cabelo”.

“A roupa dela está tão curta que daqui a pouco ela está andando pelada na rua”.

“Já faz séculos que esse menino não toma banho, que, quando ele tirar essa roupa, ela vai sair correndo gritando: Me lava, por favor!”

Em suma, hipérbole é a figura de linguagem que consiste em expressar uma idéia com exagero.

 

Exemplos de hipérbole:

Estou morrendo de fome >> morrendo ( exagero )

Eu chorei um rio de lágrimas >> rio de lágrimas ( exagero )

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Seus olhos são como duas jabuticatas >>  como ( comparação )

Seu corpo é como um violão>> como ( comparação )

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Seus olhos são duas jabuticabas >> ( metáfora )

Seu corpo é como um violão >> ( metáfora )

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Eufemismo


Leia estes versos do poema “Antologia”, de Manuel Bandeira:

“Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar”.

Determinadas palavras e expressões, quando empregadas em certos contextos, são consideradas desagradáveis, ou por apresentarem uma idéia muito negativa ou por chocarem quem ouve. Por isso, é muito comum os falantes substituírem essas expressões por outras mais suaves, mais delicadas, que, mesmo tendo o mesmo sentido, causam menor impacto em quem as ouve.

Nesses versos, o poeta Manuel Bandeira refere-se à morte utilizando a expressão “Indesejada das gentes”. Existem varias expressões que suavizam a palavra morte, como “entregar a alma a Deus”, “partir desta para a melhor”, “bater as botas”, “encurtar os anos”, entre outras. Essas formas que atenuam expressões desagradáveis são chamadas eufemismos.

Observe atentamente estas afirmações:

E fizeste isto durante vinte e três anos (…) até que um dia deste o grande mergulho nas trevas (…)” (Machado de Assis)

“Diante de tanta tristeza, ela preferir faltar com a verdade”.

Na primeira sentença, Machado de Assis usou a expressão “deste o grande mergulho nas trevas” para se referir à morte; na segunda, a expressão “faltar com a verdade” foi uma maneira suave de se referir à mentira. Portanto, são exemplos de eufemismo, figura de linguagem que consiste em empregar expressões suaves no lugar de outra desagradável ou chocante.

Durante muito tempo, as pessoas da raça negra eram qualificadas pelas formas eufemísticas “pessoas de cor” ou “morena”. Nas últimas décadas, entretanto, os movimentos negros brasileiros têm combatido essa forma de tratamento, entendendo que por trás do eufemismo, existe a idéia de que seria “feio” atribuir a característica “negra” a uma pessoa. Atualmente, os negros orgulham-se de ser considerados negros, pois, além da cor, essa característica identifica a cultura e a raça a que estão ligados.

Antítese


Leia os versos abaixo de Charly Garcia:

“O sonho de um céu e de um mar
E de uma vida perigosa
Trocando o amargo pelo mel
E as cinzas pelas rosas
Te faz bem tanto quanto mal
Faz odiar tanto quanto querer.”

Observe que o eu lírico emprega palavras que se opõem quanto ao seu sentido: “céu” se opõe a “mar”, “amargo” a “mel”, “bem” a “mal”, “odiar” a “querer”, com a finalidade de construir o sentido a partir do confronto entre idéias opostas. O mesmo acontece nesses versos de Vinícius de Morais:

“Tristeza não tem fim,
Felicidade, sim.”

Há quem confunda “antítese” com paradoxo”. A diferença reside, entretanto, na maneira como esses opostos se relacionam. Na antítese, temos duas teses contrárias, antônimas:

“Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem”.
(Monte Castelo, Renato Russo)

Enquanto o eu lírico está acordado, os outros serem dormem. Seria um exemplo de paradoxo se a mesma construção estivesse da seguinte maneira:

“Estou dormindo acordado”.

Neste caso, temos um exemplo de paradoxo, já que a oposição de idéias se dá num mesmo referente.

Portanto, antítese é a figura de linguagem que consiste em construir um sentido através do confronto de idéias opostas.

 

Catacrese


Leia esses versos de “Composição Estranha”, de Ronaldo Tapajós e Renato Rocha:

1. Usei a cara da lua
2. As asas do vento
3. Os braços do mar
4. O pé da montanha
5. Criei uma criatura
6. Um bicho, uma coisa
7. Um não-sei-que-lá
8. Composição estranha

Nos versos 1 e 2, ocorre uma metáfora, pois existe uma relação de similaridade entre os termos “cara” – “lua” e “asas” – “vento”. Nos versos 3 e 4, apesar de pressupor o mesmo processo metafórico, os vocábulos “braços” e “pé” foram empregados fora de seu contexto próprio apenas para suprir uma lacuna vocabular, ou seja, na falta de termos próprios, usam-se eles.

A essa figura de linguagem chamamos catacrese.

Veja outros casos onde ocorre essa figura de expressão:

- “Enterrou a espada no dorso do touro com precisão”.

Enterrar significa “introduzir algo na terra” e, por similaridade (processo metafórico), está sendo usado na frase para designar o ato de introduzir algo no corpo do animal. Entretanto, esse sentido, de tão usado, já está apagado da intuição do falante, ou seja, de tão usual, já está desgastado.

Usa-se muito dessa figura de expressão no cotidiano, para nomear coisas que não sabemos o nome específico, como “dente de alho”, “batata da perna”, “braço da cadeira”, “pé-de-mesa”, entre outras.

Prosopopéia

   
Leia os versos a seguir, de Carlos Drummond de Andrade:

“As casas espiam os homens
Que correm atrás das mulheres.”

Observe que o eu lírico atribui uma ação própria dos seres humanos – espiar – a seres inanimados, “as casas”, personificando-as. A esse recurso estilístico chamamos prosopopéia.

Essa figura de linguagem consiste em atribuir vida e sentimentos humanos às coisas inanimadas e fazer falar a ausentes e mortos. Pires afirma existir dois casos de prosopopéia:

1. Personificação – reconhece traços e reações físicas de pessoas em coisas. Ex. “Os prédios são altos e se espreitam traiçoeiramente com binóculos na sombra”. (Rubem Braga)
2. Animismo – reconhece reações espirituais nas coisas. Ex. “Naquela noite serena”.

Veja outros exemplos de prosopopéia:

“O cipreste inclina-se em fina reverência
e as margaridas estremecem, sobressaltadas.
(Cecília Meireles)

“A ventania às vezes surpreendia
as janelas abertas do meu lar
e então as doces sombras se moviam
trêmulas, trêmulas a bailar”.
(Jorge de Lima)

“Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
(Machado de Assis)

Clímax ou Gradação


Leia este trecho da obra de Machado de Assis:

“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensangüentados (…)”.

Observe que as idéias dispostas nesse texto estão organizadas seguindo uma ordem progressiva, ou seja, de uma menor proporção para uma maior.

Agora veja esse outro exemplo, retirado da obra de Monteiro Lobato:

“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.”

Observe que as idéias continuam dispostas numa mesma ordem progressiva, só que agora segue uma proporção decrescente. Em ambos os casos ocorre a gradação, figura de linguagem que consiste em organizar uma seqüência de palavras ou frases no sentido de intensificar progressivamente uma determinada idéia.

O nome clímax é também dado a essa figura de linguagem em virtude de ela se dispor da mesma maneira do “clímax” enquanto característica do romance, momento de maior tensão da narrativa, que antecede o desfecho. Alguns gramáticos consideram que, quando a gradação ocorre de maneira decrescente, configura-se o “anticlímax”.

Outros casos de onde ocorre a gradação:

“Ninguém deve aproximar-se da jaula, o felino poderá enfurecer-se, quebrar as grades, despedaçar meio mundo”.

Perifrase:

Expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que celebrizou.

A cidade luz continua atraindo visitantes do mundo todo. 
(cidade luz = Paris)

Portadores do mal-de-lázaro são brutalmente discriminados por quase todo o mundo.
(mal-de-lázaro = lepra)

Famoso como jogador de futebol, o 7º Rei de Roma volta para o brasil.
(7º Rei de Roma = Falcão)

O Príncipe dos poetas também teve outras atividades que o tornaram famoso; por exemplo: a luta pelo serviço militar obrigatório.
(Príncipe dos poetas = Olavo Bilac)

O Presidente dos Pobres suicidou-se em 1954.
(Presidente dos Pobres = Getúlio Vargas)

" Não fique à toa
Dê um jeito maneiro
De abraçar a Cidade Maravilhosa "
cidade marvilhosa = Rio de Janeiro)

Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.

 

Ironia


Leia este trecho escrito por Murilo Mendes:

“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente mal ao piano alguns estudos de Lizt”.

Observe que a expressão “admiravelmente” é exatamente o oposto do adjetivo posterior “mal”, deixando bastante clara a presença da ironia ou antífrase, figura de linguagem que expressa um sentido contrário ao significado habitual.

Segundo Pires, existem três tipos de ironia:
- asteísmo: quando louva;
- sarcasmo: quando zomba;
- antífrase: quando engrandece idéias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de termos ofensivos.

Veja exemplos na literatura:

“Moça linda bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor!
(Mário de Andrade)

“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”.
(Monteiro Lobato)

Exemplo em textos falados:

“Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo o que estava gravado?”

“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o dedo.”

“João é tão experto que travou o carro com a chave dentro.”

O contexto é de fundamental importância para a compreensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala foi produzida e a entonação do falante, determinamos em que sentido as palavras estão empregadas. Veja estes exemplos:

“Olá, Carlos. Como você está em forma!”

“Meus parabéns pelo seu belo serviço!”

As duas frases só podem compreendidas ironicamente se a entonação da voz se der nas palavras “forma” e “belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos essas afirmações nos seguintes contextos:

Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 kilos.
Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante que roubou todo o dinheiro da empresa.

Não seria necessário inserir o contexto na frase 1, se a reformularmos da seguinte maneira:

“Olá, Carlos! Como você está em forma… de baleia!”

Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem que afirma o contrário do que se quer dizer.